quarta-feira, agosto 30, 2017

os corredores habitados




a pequena flor

estás aí
tens o endereço da paixão da terra
pequenas pétalas rindo da imensidão

no grande monte a nudez pequenina
na berma da estrada a tua voz plural

com o ímpeto das tuas mãos coloridas
drenaste o caos para o círculo das mínimas coisas
percorres o odor da penumbra ao entardecer
- estás aí pequena flor
 aberta ao vento que me sacode





sábado, agosto 26, 2017

os corredores habitados




Pois…
E a minha angústia não será mais que a cauda dum pavão
noite adentro
e um semicírculo de pesares
de dentro para fora do meu temor

Haverá chuva de incêndios
no inverno de qualquer amor
e a terra do círculo da minha incidência
rasurará os focos de luz

Num passo para a frente
cruzo-me com um regato de água
Nem mais direi de mim
que a aurora aberta é um verniz de silêncio
e a frouxa luz é um aterro para a fuga

Mas no deserto do imaginário
há mais que o pudor da morte
Pois…
Quando ando cancelo a pobreza 


domingo, agosto 20, 2017

os corredores habitados




 "cemitério de futuros" do poema de pjp

Há palavras que estão gastas
Outras nascem nas asas dos acidentes
O que subtraindo à matéria densa
- combustão de alegrias e vícios –
O cemitério de futuros – traz soluções póstumas

Os choros de prata
Viajam nas gotas dos sonhos
Da invisível voz
Soltam-se os cânticos das aves
No azul da memória errante
Abrem-se os pequenos halos do inverosímil 



segunda-feira, agosto 07, 2017

os corredores habitados



Alimenta-me qualquer coisa como as sombras de verniz

                                o azul espumoso dos ventos

                                a cinza de veludo das canções



Uma força fatal que nos arrasta pela vastidão

                                mar de um cálice de vento

                                ao sabor das ondas de prata



Vagueando nas encostas do silêncio

                               a minha mão adormece

                               no vapor do teu corpo



Sou etéreo na substância do polimento

                             por fora – o corpo inteiro e vagabundo

                             espectáculo da nudez duma âncora